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ARTIGO: Existe esperança? Vamos acreditar que sim.

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Estamos vivendo dias difíceis devido a situações complexas que a Pandemia do Coronavírus no impõe, mas não quero falar do Covid-19, mesmo porque há uma saturação do assunto em que os especialistas de fato e os especialistas em boatos têm inundado nosso cotidiano com as mais diversas previsões.

Falemos sobre a esperança. Uma confiança emocional na expectativa de decorrências positivas pertinentes para com acontecimentos e fatos da vida pessoal e coletiva. Ela requer uma correta constância em confiar que há algo plausível de bom, mesmo quando há indicativos desfavoráveis. Talvez em certo grau um sinônimo de fé.

Viktor Emil Frankl ficou conhecido depois de expor a sua vivência de horrores em campos de concentração nazistas, escrevendo um livro intitulado Em Busca do Sentido.

Frankl pontua que a esperança está intrinsicamente unida ao sentido e valor da vida. Notou que as pessoas que tinham esperança, conseguiam contrastar-se, ao se contraporem as situações de extraordinárias dificuldades, físicas e emocionais. O oposto, também verificou que aqueles que perdiam a esperança não duravam muito tempo. Através dessa experiência equacionou a esperança como significando o localizar sentido para a vida, e a falta de esperança, como a perda do sentido da vida.

Do ponto de vista do Cristianismo, a fé e a esperança estão presentes desde os tempos da criação Bíblica do homem. No princípio, Adão somente reconhecia a alegria, contentamento e o regozijo, o que fazia com que sua vida fosse próspera e esperançosa. Ele saboreava um estado de contemplação, vivia próximo de Deus e por isso, na total ausência de desesperança.

Quando Adão peca (desobedece), prova a vergonha e vê-se punido pelo seu criador.  A partir deste momento a felicidade e o bem-estar contínuo desaparecem e a realidade da morte e do distanciamento de Deus são apresentados. Face a este dilema a única saída para Adão é creditar e depositar a sua fé em Deus como possibilidade de redenção, produzindo um sentido de esperança em poder conseguir novamente estar junto a Deus.

Já há algum tempo o tema esperança vem sendo pesquisado pela ciência, e com isso muitos entendem que a esperança tem uma forte influência na mente e no corpo das pessoas. Um dos pesquisadores que se destacam é Charles Snyder que sustenta que através da esperança pode-se desenvolver estratégias para uma melhor sustentação da vida.

Sobre os aspectos da saúde o sentimento de esperança pode ser um grande coadjuvante na redução dos sintomas físicos ou psicológicos, afetando positivamente o estado do sistema imunológico.

Através deste conhecimento devemos ter esperança e propagá-la em tempos de pandemia, pois ela pode ser um grande ativo da saúde coletiva. Isso nos leva a ter a responsabilidade de diminuir o excesso de compartilhamento de informações negativas, pois não precisamos saber a história completa de cada morte que ocorre devido ao Covid-19, não estou falando em falta de empatia, e sim na banalização da dor das pessoas em momentos tão delicados que a perda de um ente querido traz. Isso não deve virar uma espetacularização para satisfazer um desejo doentio de sadismo coletivo.

O termo esperança está presente em grande parte das línguas faladas no mundo, esse fato indica que a maioria das culturas não conseguem se organizarem sem esperança.

Na Bíblia ela é utilizada por diversas vezes. No Livro Sagrado ela não é a gestação de um pensamento positivo, mas sim resultado de um desenvolvimento na relação com o Criador. O relacionamento com Deus que nutre a esperança pode estar em três pilares:

A esperança que Deus pode trazer solução aos problemas das pessoas. No Salmo 62:05 Davi expressa isso de maneira muito clara. Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança.”

Deus é a oportuna esperança na concepção de que Ele é o manancial da força almejada e aguardada. Paulo nos declara isso em Romanos 5:05 “E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu. ”

Um terceiro ponto importante é a esperança que leva as pessoas terem confiança em relação ao futuro. Jesus nos ensina em Mateus 6:31-32: “Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘Que vamos beber?’ ou ‘Que vamos vestir?’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês. ”

Então nos dias atuais, quero incentivá-lo a ter uma viva ESPERANÇA para conseguirmos coletivamente acharmos modos de enfrentar as adversidades que batem em nossas portas todos os dias. Há evidências mais que suficiente de que o cultivo da esperança é um fator protetivo de nossa condição psíquica, proporcionando uma melhor condição de vida na coletividade que está numa profunda e dolorosa transformação.

Aguinaldo Adelino Carvalho
Palestrante, Professor, Teólogo e Psicoterapeuta.


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