“Esse resultado nos dá alguma tranquilidade por indicar que as pessoas que se recuperam da doença podem não causar novas infecções”, diz a médica. “Ao que parece, uma segunda onda da doença aconteceria com quem não foi exposto ao vírus ainda”, completa.
No entanto, Stucchi lembra que os resultados completos da pesquisa coreana precisam ainda ser publicados e novos estudos devem ser concluídos antes que se possa afirmar que não existe a possibilidade de uma segunda infecção, ou que pessoas que já tiveram a doença não podem transmitir o parasita.
A infectologista cita como exemplo o vírus HIV, que tem um teste rápido para detecção do invasor baseado na presença de anticorpos para o vírus. “Esses anticorpos são produzidos quando o corpo entra em contato com o vírus, mas eles não garantem proteção”, diz.
Com base nos resultados, o KCDC informou que não faria mais testes adicionais em pessoas que se recuperaram da doença e foram liberadas do isolamento.
“O estudo indica que essas pessoas ainda têm o material genético do vírus, mas não são mais capazes de infectar. Assim, não é mais necessário vigiar os curados, e os recursos podem ser usados para outros casos”, diz Prats.
A Coreia do Sul é um dos países que tiveram maior sucesso na contenção do novo coronavírus, usando uma metodologia que envolveu uma grande aplicação de testes e um rastreamento mais duro dos contatos próximos dos infectados.
Até esta quarta-feira (20), o país, que tem 51,3 milhões de habitantes, registrou 11.110 casos da Covid-19 e 263 mortes causadas pela doença, segundo plataforma da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, que monitora os números da pandemia.
Os resultados que vêm da Coreia do Sul coincidem com os de pesquisas conduzidas em outros países. Em um estudo pré-print publicado no início de maio por cientistas de instituições chinesas, foi relatada a tentativa de infectar macacos pela segunda vez com o novo coronavírus.
Após os animais receberem uma nova dose do vírus, não foi possível detectar neles disseminação viral, o que, segundo os cientistas, indica que uma primeira infecção pelo Sars-Cov-2 é suficiente para proteger de novas invasões do parasita.
Pré-prints são artigos que divulgam resultados preliminares de estudos e que ainda não passaram pela revisão de outros cientistas da mesma área. Portanto seus resultados devem ser lidos com cautela, alertam especialistas.
As informações são da FolhaPress