Quando questionado sobre o motivo da escolha desta vacina e não de outra com resultados publicados, Callado destacou a importância dos institutos de ciência e tecnologia darem esse respaldo e se manterem abertos à pesquisa. “É um caminho bastante longo. Em outras conversas com a equipe da Rússia, vamos ver o atual estágio de validação da vacina, as reais comprovação da fase 1, fase 2 e a fase 3”, informou. “Vamos elaborar um protocolo de validação de pesquisa e, tendo aprovação, poderemos focar na análise da eficácia, segurança, eficiência dessa vacina no Brasil”, detalhou.
Entre os motivos que geram desconfiança no meio científico está o tempo que a vacina leva para ser testada. Em uma primeira fase, os testes são feitos em grupos pequenos, para certificar a segurança do imunizante. Na sequência, começam os testes para verificar se a vacina é eficaz na imunização. “Cada fase dessas demora alguns meses, porque é o tempo de o nosso sistema imune responder. Isso não tem como ser acelerado”, questionou o biólogo Atila Iamarino em vídeo publicado no Instagram sobre a vacina russa.
“O mais provável, no melhor dos cenários, é que eles tenha uma vacina promissora e só estão fazendo vários anúncios antes, mas os atrasos vão acabar acontecendo naturalmente e a vacina vai entrar em produção numa linha do tempo normal depois de mostrar os resultados. Numa linha do tempo ruim, isso é só uma promessa e não vai ter vacina nenhuma lá para frente. Espero que a gente esteja na primeira, mas ainda assim a coisa demora”, especula Iamarino.
Distribuição nacional
Apesar das negociações realizadas pelos estados para a obtenção da vacina, o governo federal garante não haver risco de começar uma disputa na Federação para dar início à imunização contra a covid-19. O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, assegurou que a distribuição será feita a nível nacional. “O critério não é o estado X, Y, Z. É quem precisa mais, quem tem mais risco e aí se faz uma priorização. O objetivo, é claro: levar a todos. Precisa ser feito com a estratégia, todo um estudo, com uma inteligência por trás de como fazer isso chegar a população na ponta, de forma mais útil, eficaz e benéfica”, esclareceu Angotti.
Mesmo com expectativas mais otimistas em relação a outras candidatas que já iniciaram a fase 3 de testes no Brasil, outras negociações não estão descartadas. “Nada impede que, mesmo tudo ocorrendo bem com a AstaZeneca, em paralelo, possa ser feito um acordo com uma outra vacina de um outro produtor. O foco é salvar vidas, é simples assim. Você tem três, quatro, 15 opções de vacina e se essas 15 ajudarem o nosso povo, o governo vai atrás”, afirmou o secretário.
Em conversa com o Correio, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, disse ser positivo o movimento de estados nas busca por parcerias. “Vejo com bons olhos os governos estaduais estarem buscando soluções porque isso só enriquece a oferta. Já temos três protocolos de vacina na Anvisa e o governo do Paraná deve submeter mais um”, declarou.