“Jamais tabelaremos seja o que for. Jamais praticaremos qualquer intervenção. O ideal é o dólar baixar. Mas baixa como? Com o parlamento colaborando na votação de projetos que possam mostrar que temos responsabilidade. Com essa responsabilidade, o dólar baixa quase automaticamente”, apontou.
Mudanças
Na semana passada, Bolsonaro reuniu-se com vários ministros e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e anunciou que o governo estuda um projeto de lei para diminuir o peso do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos preços. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o projeto pode ser apresentado ainda nesta semana.
Na coletiva com Bolsonaro, Castello Branco assegurou que não há interferência do governo nos preços da Petrobras. Em nota, no entanto, a estatal admitiu uma mudança. “No primeiro semestre de 2020, dada a alta significativa da volatilidade de preços de combustíveis, a Petrobras decidiu estender de trimestral para anual o período limite de apuração da aplicação da política de preços”, informou.
Segundo a estatal, a mudança não rompe o compromisso de alinhamento ao mercado internacional, embora em determinados trimestres os preços possam, eventualmente, ficar abaixo da paridade. (Colaborou Ingrid Soares)
Energia pode subir 14,5% em 2021
Uma projeção feita pela TR Soluções, empresa de tecnologia aplicada ao setor elétrico, por meio do Serviço para Estimativa de Tarifas de Energia (Sete), aponta que as tarifas residenciais de energia terão aumento médio de 14,5% em 2021. A maior elevação será no Centro-Oeste, de 21,2%, e a menor, no Sul, de 12,2%. O estudo considera dados de todas as 53 distribuidoras do país, além de sete permissionárias.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira não confirmou o índice. O dirigente afirmou que haverá aumento, e que estarão incluídos no reajuste R$ 3 bilhões, que correspondem a um quinto do pagamento do empréstimo feito no ano passado às distribuidoras pela Conta-Covid, criada para evitar alta excessiva de preços ao consumidor. Madureira explicou, porém, que não pode cravar um percentual porque cada distribuidora terá o cálculo de reajuste avaliado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O maior aumento esperado pela TR Soluções é, justamente, no segmento de distribuição, com elevação de 15,5%. “Esse aumento do custo do serviço de distribuição é pressionado pelo IGP-M (Índice Geral de Preços — Mercado), que ficou em 23,14% no ano passado. Parte das distribuidoras tem suas receitas reajustadas pelo IGP-M e a outra parte pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que fechou o ano em 4,52%.
A compra de energia sofreu aumento de 9,5% em relação a 2020. “A maior parte dos custos financeiros que as empresas teriam repassado às tarifas em 2020, em decorrência da sobrecontratação de energia e da queda do mercado, foi coberto pelo empréstimo de R$ 15 bilhões da Conta-Covid — e o pagamento dessa dívida, em cinco parcelas, começa em 2021”, explicou a TR Soluções. De acordo com a empresa, os custos associados ao serviço de transmissão de energia também pesarão no reajuste médio de 14,5%.