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ARTIGO: Panem et circenses

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        Nunca pensei que um artigo fosse dar tanto pano pra manga como o que publicamos na semana passada. Isso aconteceu porque ao questionarmos os inusitados Projetos de Lei, de autoria dos prefeitos de Adamantina e Lucélia, dissemos que a política do pão e circo poderia estar a todo vapor na Nova Alta Paulista.  Para evitar novos mal-entendidos, hoje mostraremos a origem da expressão popular que desagradou várias pessoas.

          Tudo começou quando senadores romanos assassinaram Julio César. A trágica morte do famoso líder, que era muito querido pelo povo, causou grande comoção e importantes mudanças em Roma, entre as quais o fim de um longo período do modelo de governo republicano (de 509 a.C. a 27 a.C.). A partir desta data, com Otávio Augusto, teve inicio o Império Romano, que iria durar até 476 d.C.

       Com a implantação do novo modelo político, a sociedade romana foi dividida em três classes. Senatorial, que manteve as regalias políticas; Equestre, formada pela nobreza e comerciantes, que continuavam tendo acesso a cargos públicos; e a Plebe, que representava a maioria da população, mas não tinha nenhum tipo de privilégio. Prevendo que isso poderia lhe causar problemas no futuro, o governo imperial resolveu agradar os integrantes dessa que era a mais baixa classe social de Roma.   

        Não demorou muito para que peças de teatro, corridas de cavalo e sangrentos jogos gladiatoriais se tornassem uma verdadeira febre em Roma. Com o passar dos anos, as festividades (públicas e gratuitas) passariam a ser conhecidas pela pejorativa expressão política do pão e circo. De qualquer forma, a estratégia deu tão certo que o Império Romano durou cinco séculos.

       Já a política do pão e circo, essa nunca saiu da moda e continua sendo muito usada pelos governantes das pequenas cidades. A propósito, na Nova Alta Paulista, que também é conhecida pelo epíteto de corredor da fome, essa perversa prática se tornou contumaz. É impressionante o tanto de dinheiro público gasto com festas numa região que falta médicos, remédios, vagas em creches e empregos para a população.

       Para encerrar, gostaria de registrar que em Mariápolis os vereadores aprovaram Projeto de Lei, de autoria do prefeito, abrindo crédito adicional suplementar de R$ 950 mil, dinheiro este destinado exclusivamente para a realização de rodeio em 2023. Como a população do município é de pouco mais de 4.000 habitantes, a festa irá custar cerca de R$ 237,50 para cada cidadão mariapolense. Mesmo assim, tem quem apoia o evento. Panem et circenses?     

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