Folha Regional

Com expectativa de público de 7 mil pessoas, 103º Shokonsai reúne tradição e comidas típicas no Cemitério Japonês, em Álvares Machado


Uma festa voltada à celebração aos antepassados é realizada sempre no segundo domingo do mês de julho em Álvares Machado. O evento da comunidade japonesa, denominado de “Shokonsai”, chega, em 2023, à 103ª edição e acontece neste fim de semana, no Cemitério Japonês, para todos os públicos.

A Associação Cultural, Esportiva e Agrícola Nipo-brasileira de Álvares Machado (Aceam) espera receber sete mil pessoas entre sábado (8) e domingo (9).

Segundo o presidente da Aceam, Alberto Yokio Nakada, todos os povos estão convidados para o evento, independentemente da nacionalidade.

“Todo segundo domingo do mês de julho é realizado o Shokonsai, há mais de cem anos. É um encontro das pessoas que vêm reverenciar seus parentes e amigos que estão sepultados neste local”, explica Nakada.

Luiz Takashi Katsutani, que comanda a comissão organizadora do Shokonsai em 2023, salienta que na festividade centenária são contadas diversas histórias marcadas por lutas, perdas, perseverança, conquistas e, principalmente, gratidão.

“Shokonsai significa cultuar a memória dos antepassados, pois é uma tradição oriental cultuar os ancestrais”, informa Katsutani.

Programação

O evento começará no sábado (8), a partir das 16h, com o abertura da praça de alimentação voltada para a gastronomia japonesa, com pratos como sushi, karaague, gyoza, harumaki, gyudon, sashimi, temaki, udon, tonkatsu e outros. Além disso, no mesmo horário, haverá um show com o cantor Nobuhiro Hirata e convidados.

No domingo (9), por sua vez, a programação começará pela manhã e terminará à tarde, com o tradicional Ritual das Velas.

Veja o cronograma completo das atividades:

  • 9h: Culto budista na capela do Cemitério Japonês;
  • 10h: Inauguração do Tori;
  • 11h: Oração pela paz no monumento dos soldados falecidos na 2ª Guerra Mundial;
  • 11h15: Abertura oficial (palco);
  • 12h: Praça de alimentação;
  • 12h: Apresentações artísticas;
  • 16h30: Bon Odori com participação do Taiko “Dantai Fênix” de Presidente Prudente (SP); e
  • 17h30: Ritual das Velas e apresentação da Orquestra de Câmara do Oeste Paulista.

Entre as apresentações artísticas ao longo do dia, haverá karaokê, coral, danças tradicionais e folclóricas japonesas, entre outras. Os interessados também poderão participar de workshops ornamentais de takezaiku, amigurumi, bonsai, haicai, shodo e origami.

O Cemitério Japonês

Segundo o livro “Álvares Machado – Uma Saga Japonesa”, escrito por João Paulo Suzuki, o cemitério que sedia o Shokonsai todos os anos é o único da América Latina eminentemente nipônico. Das 784 pessoas enterradas, há apenas um brasileiro sepultado no local.

Como a cidade não possuía cemitério em meados de 1948, os corpos tinham de ser sepultados em Presidente Prudente (SP), a 15 quilômetros de distância.

Diante do aumento de pessoas em Álvares Machado e das condições insalubres na época, com casos frequentes de malária, outras doenças e assassinatos, a implementação de um cemitério era extremamente necessária.

Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, o governo brasileiro proibiu novos sepultamentos no Cemitério Japonês. O local foi tombado como patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Artístico do Estado de São Paulo (Condephaat) pela Resolução nº 23, de 11 de julho de 1980.

“O cemitério é muito importante neste aspecto, pois ali estão enterrados os entes queridos. Desde 1920, é realizado o Shokonsai e, com esse evento, estão preservando uma cultura através da fé. Assim, mantém-se a tradição da cultura de um povo que veio de tão distante e vem conseguindo passar de geração a geração”, ressalta Nakada.

Shokonsai

Dois anos após a fundação do cemitério, as mais de 70 famílias japoneses que moravam no município, até então conhecido como “Brejão”, manifestaram a vontade de fazer uma celebração para os mortos.

O evento foi denominado de “Shokonsai”, que significa “convite às almas para celebrar” ou “culto aos heróis”.

Após 103 anos, a festividade permanece viva. Por volta das 17h, é colocada uma vela em cada túmulo e todas elas permanecem acesas de forma simultânea.

“Um fato curioso é que nessa hora para de ventar, há uma calmaria. Só presenciando para sentir essa energia”, conta o presidente da Aceam. 



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